terça-feira, 7 de outubro de 2008

Saudade

As horas passam...
Tento me aninhar na cama...
Rolo para um lado...
E para outro...
E não consigo dormir!

Meu coração ...
Ainda despedaçado...
Tenta se recuperar...

As músicas que tocam...
Ecoam pela casa...
Lembranças de nós dois...

Taças regadas a vinho...
Brindes...
Jantares à luz de velas...
Olhares de cumplicidade...
Toques suaves...
Beijos apaixonados...
Promessas de vida a dois!

Na cama desalinhada
O amor imperava
E no ritmo do amor
O amor!

Depois do amor...
O papo gostoso...
O beijo de boa noite..
E no abraço entrelaçado...
O sono mais tranqüilo...
Entregue a Morfeu!

Hoje...
A cama desarrumada
Um silêncio ensurdecedor
Só resta a saudade
Das noites de amor!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Juro que não queria!

Pediu-me que eu me emprestasse...
Não queria...
Juro que não queria...
Mas de tanto insistir...
Acabei me emprestando...
E ficando sem mim!

Não queria...
Juro que não queria...
Fui atrás...
Pedi-me de volta...
Tarde demais!
Por me emprestar...
Fiquei mesmo sem mim!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Saudades infinitas

Triste...
Infinitamente triste...
Duas perdas em tão pouco tempo...
Tento compreender, aceitar,
Mas há uma angústia muito grande em mim...
Meu coração dói,
Meu espírito questiona...
Viver, viver, viver! Pra quê?
Se a toda hora,
Partem aqueles que mais amamos!
Sinto-me tão vulnerável...
Sei que nada como o tempo
Para fazer a gente aceitar
O que não entendemos.
Ah! O tempo...
Tempo para digerir...
Tempo para acalmar o nosso espírito!
De aceitar...
De se conformar...
De entregar a Deus
Aquelas que mais amamos!
Tempo de dizer adeus.
Tão simples!
Tão doído!
Tão sentido!
Saudade sempre...
De vocês duas, Naide e Laura!
Tia e amiga...
Tão ausentes a partir de agora!
Tão silentes hoje,
Mesmo assim,
Tão presentes em minha vida!
Um dia...
Qualquer dia...
Com toda a certeza...
Iremos nos reencontrar!

sábado, 17 de maio de 2008

Uma nova Luíza

Pela primeira vez,
Em muitos e muitos anos,
Sinto-me literalmente recomeçando...
E recomeçar,
Enche-me de coragem,
De força e de garra,
Para prosseguir a minha jornada.
Muitos anos se passaram...
Muita coisa aconteceu...
Só sei que existe em mim
Uma outra Luíza,
Muito mais destemida,
Mais lutadora,
Mais arrojada,
Mais poderosa,
E disposta a enfrentar os "nãos" da vida,
E a prosseguir...
Aprendi a me aceitar
Do jeito que sou...
A gostar de mim,
Com toda a minha irreverência...
A colocar um ponto final
Naquilo que não quero para mim,
Quando percebo que a hora se faz presente...
Porque sou especial!
E mereço o que há de melhor na vida!
Aprendi que...
Em qualquer rompimento,
Fica sempre muita coisa boa!
Não preciso viver de migalhas...
A vida prossegue...
Tenho muito que aprender...
Tenho que me amar em primeiro lugar...
Respeitar os meus limites...
E estar receptiva,
Para uma nova vida!
Por enquanto, só minha...

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Parabéns, papai!


Hoje é um dia especialíssimo...
Seu aniversário!
Um ano a mais desfrutando
De sua convivência...
De seu amparo...
De sua presença...
De seu aconchego...
De seus conselhos...
De sua serenidade...
De sua sapiência...
De seus questionamentos...
De tudo o que de melhor
Você pode nos ofertar!
Ter você, pai, com a gente
É o maior presente
Que Deus pode nos dar!
Parabéns, meu pai querido!
Abençoado por Deus!
Meu amigo de todas as horas...
Você é meu tudo!
É minha vida!
Minha estrela guia!
Meu exemplo de vida!
Em: 19/04/2008

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Recomeçar...


Recomeçar dá medo,
Faz com que eu trema de pavor,
Faz com que repense tudo
O que já vivenciei e sofri.
Por medo, fiquei congelada;
Por desilusão, fugi de mim;
Por amargura, vivi alhures;
Por decepção, me esqueci!
Vivi fases que vinham e iam,
Mas que não me tocavam a alma,
Porque não mais queria sentir!
Não mais queria dor...
Não mais queria amargor...
Não mais queria viver!
Fui levando a vida...
Deixando de sentir desejos...
Vivendo por viver...
E ansiando por morrer!
E agora, de repente,
Resolvi soltar minhas amarras...
Me arriscar no jogo da vida!
Sinto um frio na barriga...
Um aperto no coração...
E uma esperança de recomeço!
Mesmo que ainda tema me machucar,
Vou tocar minha vida em frente,
Vou me descongelar,
Vou me derreter.
Vou deixar de ser covarde...
E vou buscar felicidade!
Ainda que volte a sangrar,
Mesmo assim...
Vou correr os riscos
De voltar pra mim!

domingo, 6 de abril de 2008

Bella, razão do meu viver!


Irreverente...
Rebelde...
Doce...
Sensível...
Delicada...
Linda...
Você é tudo pra mim...
Mesmo não a tendo gerado,
Assim mesmo...
É pedaço de mim!
É meu tudo!
É meu aconchego...
É meu tesouro mais raro...
É ímpar...
É inigualável...
É amor...
É coração...
É sensibilidade...
É meu amanhecer...
É meu entardecer...
É meu amparo...
É meu esteio...
É minha vida!
É minha saudade doída...
É minha afilhada querida!
É razão do meu viver!
Em: 06/04/2008

quinta-feira, 27 de março de 2008

Apresentação II

É muito bom ter um espaço pra falar com a família, com os amigos e com a gente mesmo!
Até na barriga de minha mãe, segundo dizem, chorei! Pois é, às vezes sou meio chorona; outras, meio Pollyanna! Aliás, acho que sou muito mais Pollyanna, pois sempre gostei de ver o lado bom das coisas! Nada de ser pessimista e triste! Sempre procuro ver o lado bom de qualquer coisa ruim que acontece comigo ou com alguém.
Aprendi a gostar de mim do jeito que sou, a apreciar a minha própria companhia, a ouvir o meu próprio eco e me sentir feliz!
Quando mais jovem, vivia rodeada de gente e me sentia só. Hoje, morando sozinha, sinto-me muito mais em paz comigo mesma!
Apesar de sentir falta da família e dos amigos, adoro morar aqui em Florestal e não troco essa minha vida por nada desse mundo!
Tenho duas cachorrinhas, minhas fiéis companheiras. Alegram a minha vida e protegem a minha casa!
Não me casei, não gerei filhos, mas adotei os meus sobrinhos, que são verdadeiros filhos para mim.
Adoro o meu trabalho e me realizo muito no que faço. Gosto de ler, assistir filmes de época, de suspense. Adoro uma boa comédia e um bom drama!
Sempre que chego em casa, acendo um cigarro, ligo a TV e o computador simultaneamente. E no computador, coloco as músicas que me acalmam e me energizam! Quando chega alguém, acha estranho estar com a TV ligada e, ao mesmo tempo, ouvindo músicas. Coisa de doido? Acho que não! Apenas mania de quem mora sozinha!
Sou fã de Mário Quintana, poeta dileto, mexe com minhas emoções! Em um de seus poemas, ele categoricamente disse que "fumar é ir queimando as ilusões perdidas". Na minha irreverência e ousadia, sem pedir licença a ele, acrescentei que fumar é ir morrendo pouco a pouco, é tragar docemente o beijo não dado, o abraço não recebido e ir enchendo de fumaça a casa vazia...
Acho que já falei muito de mim por hoje. É hora de terminar!
Só quero dizer que amo infinitamente a minha família e os meus amigos!
Beijos no coração de cada um de vocês! Que Jesus os ilumine e os proteja!

segunda-feira, 17 de março de 2008

Para Você, Vô Querido!

Queríamos,
Se pudéssemos,
Se soubéssemos,
Que você ia partir,
Ter-lhe dado um abraço,
Ter-lhe desejado felicidade,
Para essa longa viagem
Sem fim...
Só nos resta então dizer:
Até breve!
Até lá, vozinho querido!
Quando, com certeza,
Iremos nos reencontrar!

* Nossa despedida para o Vô Gordiano, pai de meu cunhado Rivelli, em 18/04/1998.
Um dos meus melhores amigos! Meu vô do coração!

domingo, 16 de março de 2008

Tempestade

Chove!
Chove lá fora...
Chove dentro de mim...
Se só chovesse lá fora,
Eu não acharia ruim...
Mas chove dentro de mim!
Chovem pedras de egoísmo,
Chovem angústia e solidão...


Está lindo o dia agora,
A natureza está esplêndida!
Eu estou chorando ainda...
Chove dentro de mim!
Chove desespero,
Chove desilusão,
Chove a esperança perdida,
Chove!


O tempo passou...
Passam dias...
Passam noites...
E novamente está chovendo...
Chove!
Que estranha sensação!
Chove lá fora,
Mas o sol da esperança,
Do bom tempo,
Da bonança...
Entrou dentro de mim!


Chove!
Chove lá fora...
Que me importa?
Se parou de chover
Dentro de mim!

Tanto Nada

Há tanto alvoroço em mim...
Tanta angústia
Que se mistura
Com felicidade...
Tanto orgulho
Que se confunde
Com amor-próprio...
Tanta vontade
De não procurá-lo
Contra a vontade
De querer você.
Tanto ódio
Que se transforma
Numa fonte de carinho...
Tanta batalha,
Sem vencer nenhuma.
Tanto desespero,
Que se desvanece
Por uma esperança...
Tanta agitação seguida
De uma paz imensa...
Tantas lutas...
Tantas coisas...
Tanto Nada!

Passado

O tempo passou,
Como passou a fossa,
O vazio, a dor.
E o dia chegou:
Trazendo um bom-dia,
Uma nova vida,
Uma vida só minha,
De paz e calmaria.
Você que já foi:
Felicidade, fossa,
Alegria e dor.
Hoje é serenidade.
Amadurecimento.
As guerrinhas que se acabaram,
Por muito tempo me marcaram.
Agora o tempo ruim se acabou.
No presente
Vou vivendo...
Sozinha, feliz.
No futuro...
Estou a procura
E a espera de tudo.

sexta-feira, 14 de março de 2008

ENTRE O LIVRO E A TELA: A HORA DA ESTRELA

Há várias maneiras de se realizar a adaptação de uma obra literária para o cinema.
O cineasta ao fazer uma adaptação de um romance não o transforma absolutamente. Apenas manipula uma espécie de paráfrase, pois ele próprio será um novo criador de uma outra forma artística.
Ao analisar os diferentes tipos de transposição do livro ao filme, Yanick Mouren estabele, em um ensaio para a revista Poétique, a seguinte classificação: adaptação, contaminação e narrativização.
Ao tratar da adaptação, Marcos Rey, em O roteirista, diz que o romance será sempre limitado por uma linguagem, uma audiência reduzida e uma criação individual. Por outro lado, os limites do filme constituem-se de uma imagem movente, uma audiência de massa e, principalmente, uma produção industrial.
Salienta também que “um romance adaptado tem de caber confortavelmente dentro de um filme” (R, p.59).
A verdade, porém, é que não se pode adaptar um romance somente por sua importância literária. Há obras quase impossíveis de adaptação como, por exemplo, quase tudo que Clarice Lispector escreveu, assim como milhares de outros escritores. A câmera não tem a sutileza das palavras. É capaz de criar clima, porém sua profundidade não vai além.
Segundo Rey, “a câmera pode revelar o sentido duma obra literária, suas intenções, mas não o recheio nem a beleza ou singularidade do estilo”(R, p.59).
O que Rey escreve vai ao encontro da opinião de Clarisse Fulkeman, ao fazer a apresentação de A hora da estrela.
Segundo Fulkeman:
Toda trama se arma a partir de estórias que se entrecruzam, como num acorde musical: a vida de Macabéa, imigrante nordestina, que vive desajustada no Rio de Janeiro; a do autor do livro, que embora sem rosto definido, se dá a conhecer nos comentários que faz; e ainda a estória do próprio ato de escrever (E, p.6).
Ainda no dizer de Fulkeman:
(...)Escrever o livro, escrever Macabéa e, sobretudo, escrever a si mesmo, eis o grande desafio. Dessa proposta cria a dramaticidade da narrativa, pois a escrita envolve múltiplas e complexas relações: entre escritor e seu texto, entre escritor e seu público, entre escritor e essa personagem tão distante de seu universo (E, p.7).
O romance de Clarice Lispector gira em torno de um escritor-narrador, que se propõe a escrever uma história que terá sete personagens, sendo ele o mais importante deles. Diz que tem como material básico a palavra e questiona o motivo por que escreve:
Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias (...) (E, p.36).
Em relação à sua personagem, tem o seguinte ponto de vista: “Apesar de eu nada ter a ver com essa moça, terei que me escrever todo através dela por entre espantos meus (E, p.41).
Descreve Macabéa da seguinte maneira: “de ombros curvados como os de uma cerzideira”(E, p.41), “com o corpo cariado” (E, p.51), era “um acaso, um feto jogado na lata de lixo embrulhado em um jornal”( E, p.52).
E questiona-se:
Há milhares como ela? Sim, e que são apenas um acaso. Pensando bem: quem não é um acaso na vida? Quanto a mim, só me livro de ser apenas um acaso porque escrevo (...). Para que escrevo? E eu sei? Sei não. Sim é verdade, às vezes também penso que eu não sou de mim. Sou eu? Espanto-me com o meu encontro (E, p.52).
Na realidade, o escritor, ao tentar criar a sua personagem, identifica-se com ela. Como escritor sente-se cariado, ou seja, reconhece-se como Macabéa. A idéia de uma pessoa que é “uma cárie” ou que tem “cáries em si” significa que aquele que precisa de um estilo, que está também cariado, está próximo da personagem.
O narrador também se sente tão ou mais insignificante quanto a Macabéa: “Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta, continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer” (E, p.25). É como se ele dissesse que só existe, porque escreve; só se suporta, porque escreve.
Por fim, o narrador cria a sua história que, além dele e Macabéa, tem os seguintes personagens: Sr. Raimundo Silveira, Glória, Olímpico de Jesus, o médico e a cartomante.
E assim começa uma outra “estória”, como bem disse Fulkeman : A história de Macabéa, nascida no sertão de Alagoas.
Perdeu os pais quando nova e acabou sendo criada por uma tia solteirona, que, além de maltratá-la, não se importava com ela. Mudou-se com a tia para o Rio de Janeiro e, após a morte dela, foi viver em um pensionato, que mais parecia cortiço. Trabalhava numa firma e, praticamente, estava para ser despedida, pois era péssima datilógrafa. Era colega de trabalho de Glória, que acabou lhe roubando o namorado Olímpico, seu conterrâneo. Por não se alimentar direito, foi consultar um médico, que lhe disse estar tuberculosa. Ignorante, como era, não se alarmou, pois não tinha idéia da seriedade da doença. Sua colega Glória, por remorsos, sugere-lhe procurar uma cartomante. Empresta-lhe dinheiro e Macabéa acaba aceitando-o. A cartomante consegue tocar a alma de Macabéa, dizendo-lhe que ela teria um futuro brilhante, igual ao de uma estrela. Diz- lhe que será muito rica, pois se casará com um rapaz muito bonito, loiro e rico e que as cartas não mentem jamais. Ao sair da consulta, quando vai atravessar a rua, Macabéa é atropelada. Morre. Ao morrer, segundo o que o narrador-escritor sugere, vira uma estrela.
O fato de Clarice Lispector colocar, através do discurso do narrador, o questionamento sobre o ato de escrever, a nosso ver, é pura metalinguagem. Daí fazer eco à opinião feita por Fulkeman quanto a “estória do próprio ato de escrever”.
Rey salienta que “há adaptadores que mesmo não transpondo para o cinema toda a ação do livro, conseguem fazer passar para o público a carga emocional que possuem” (R, p.59). É, especificamente, o caso do filme A hora da estrela , dirigido por Suzana Amaral. Ela conseguiu transfigurar o livro para adaptá-lo a uma linguagem cinematográfica, criando uma obra
inteira, sem evidenciar saltos desconcertantes e buracos entre as seqüências.
Quem assistiu ao filme e leu o livro, percebe que o personagem principal no texto de Clarice Lispector é o escritor Rodrigo; no filme, Macabéa.
A adaptação, de acordo com Rey, requer uma planificação mais exigente do que a criação, porque implica numa responsabilidade maior, principalmente quando se trata de uma obra conhecida, passível de confronto.
Como o escritor escreveu um livro e não um roteiro de cinema, precisa haver adaptação, isto é, uma forma de contar para a tela, na linguagem, ritmo e especificidade que ela determina. ”Isso implica em mudar ordem de cenas, acelerar certas seqüências, resumir diálogos, valorizar ou não personagens, eliminar excessos e acentuar as linhas de convergência para o final”(R, p.60).
O filme A hora da estrela se concentra em definir a personagem Macabéa, investe nessa personagem, desenvolve, a partir de algumas indicações do que está no texto, a vida dessa personagem, mas essa definição é feita muito ligeiramente no texto de Clarice Lispector.
No filme, a narração é simples, direta, uniforme. O espectador quase não percebe a figura do narrador e se concentra apenas nas ações e nas personagens que se apresentam diante da câmera. A impressão que se tem é que o espectador não se dá conta de que existe alguém que está narrando. Ele vai apenas entrando em contato com os fatos que estão sendo narrados.
No livro, o narrador sempre fala da necessidade de expressar o que o motivou a escrever sobre essa personagem. É o caminho inverso que percorre Suzana Amaral, que passou pelo texto literário e resolveu dar vida a Macabéa.
Dissemos que o caminho foi inverso, porque o narrador, ao falar sobre Macabéa, fala sobre si mesmo. Isso quer dizer que o fato de ele ter cruzado com aquela mulher, que o levou a escrever, fosse o cruzar consigo mesmo. A questão do livro é o modo pelo qual o narrador vai escrever a história dessa personagem, já que ela é uma pessoa desinteressante. Significa que ele era tão insignificante quanto Macabéa, porque escrevia.
Segundo José Carlos Avellar, crítico literário, em palestra sobre A hora da estrela, realizada na semana de Cinema e Literatura, na Universidade Federal de Viçosa:
No filme, o personagem principal, que é o narrador, não aparece. O narrador simplesmente se coloca para a platéia como alguma coisa presente. Utiliza-se uma forma de narração, que é muito usada e muito eficaz, quando se trata de narrar uma história , que é a de fazer com que a passagem para outra imagem se dê em atendimento à “curiosidade visual” das pessoas (J, 20/09/94).
Avellar conta que Suzana Amaral coloca duas brincadeiras na tela, que são inseridas como forma de narração:
Existe uma certa curiosidade visual que o filme vai atendendo e construindo as suas imagens a partir dessa curiosidade visual. Para que essa forma de história através de imagens seja aceita mais naturalmente, exemplificaremos com a colega de quarto de Macabéa, que lia um livro, mas volta e meia voltava-se para a capa do livro. Estava lendo, quando uma das colegas pergunta-lhe porque toda hora ela se voltava para a capa. Aí, ela explica que é a única imagem do livro. (J, 20/09/94).
Em outro momento, Avellar relata que
uma das colegas de Macabéa estava vigiando a janela do vizinho. Ficava respondendo as perguntas das outras: “Já começou?”, sem que a gente saiba do que se trata. Então, todas correm para a janela para ver a televisão do vizinho ( J, 20/09/94).
E explica que
essa coisa de espiar o que se mexe, essa coisa de ter uma imagem, que conduz à leitura, é quase que um algo que vai chamando a atenção para a curiosidade visual, isto é, não é só palavra, não é só a harmonia da história que está contada no livro que faz com que a colega de Macabéa seja capaz de se interessar pela leitura. Ela precisa de uma imagem (J, 20/09/94).
Do mesmo modo que a colega de Macabéa precisou de uma imagem, podemos associá-la ao narrador do livro, que precisou também de uma imagem para desenvolver o seu discurso:
(...) É que numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina (...) Juro que este livro é feito sem palavras. É uma fotografia muda. (...) (E, p.26).
Ainda no dizer de Avellar: “Se a câmera se coloca numa posição se fixando em alguma coisa, cria-se uma expectativa de que alguma coisa vai acontecer”.
O primeiro impacto visual que se tem, ao iniciar o filme, é que a imagem se fixa em primeiro plano em um gato para, em seguida, fixar-se em Macabéa. O gato mia acompanhando o toque vagaroso das batidas que Macabéa dá na máquina de escrever.
No livro, não há gato, apenas uma referência do escritor-narrador de que Macabéa havia comido “gato frito” na infância. A impressão que nos dá, como espectadores, é que o aspecto sujo do gato se funde na sujeira de Macabéa.
Isso vai ao encontro de uma das definições que encontramos no Dicionário de símbolos sobre a palavra gato, que “simboliza a obscuridade e a morte”(S, p.463).
Há muitas imagens no filme que não podem se comunicar, a não ser através das imagens cinematográficas. Um exemplo típico é o de Macabéa olhando-se em um espelho todo carcomido ou ela toda desajeitada em sua vestimenta. Macabéa precisa ser vista através da imagem para que possamos senti-la, já que ela não é capaz de se dizer, nem de se expressar. Quando fala, diz coisas absurdas, como por exemplo, “eu gosto tanto de parafuso e de prego, e o senhor?”(E, p. 60). Quando Macabéa manifesta para o Olímpico algumas de suas dúvidas - e como o Olímpico é como ela, ou seja, uma espécie de Macabéa incapaz de dominar o discurso - ele corta as dúvidas dela com explicações absurdas:
- (...) A rádio relógio diz que dá a hora certa, cultura e anúncios. Que quer dizer cultura?
- Cultura é cultura - continuou ele emburrado. Você
também vive me encostando na parede.
- É que muita coisa eu não entendo bem. O que quer dizer “renda per capita”?
- Ora, é fácil, é coisa de médico (...) (E, p.67).

Há um diálogo entre Macabéa e Olímpico, a respeito do olhar significando escutar, que acontece assim:
- Olhe, Macabéa...
- Olhe o quê?
- Não, meu Deus, não é “olhe” de ver, é “olhe” como quando se quer que uma pessoa “escute”! Está me escutando?
- Tudinho, tudinho.
- Tudinho o quê, meu Deus, pois se eu ainda não falei! (...) (E, p. 71).

E no filme:
- Olhe, Macabéa...
- Olhar o quê?
- Não, não é “olhe” de ver alguma coisa. É olhe como quando a gente quer que alguém “escute”. Tá me escutando?
- Tô, tô, tudinho!
- Tudinho o quê, se eu ainda não falei! (...) (S,).

Embora os diálogos sejam praticamente iguais, o filme usa muito mais o tom , os gestos, o rosto, enfim, todo o recurso visual para fazer com que o ator interprete, traduza e transforme aquilo que a gente só percebe, se souber olhar.
Nota-se que Macabéa, ao se colocar em cena, revela a sua impossibilidade de relacionamento com as pessoas e com o mundo. Ela vai se fazendo na sua própria desorientação.
No livro, a cartomante conta a Macabéa que vira um trágico acidente na consulta anterior e que a cliente não havia gostado dessa predição. Já no filme, não há nenhuma referência a uma cliente da consulta anterior. Quando a cartomante pressente a morte de Macabéa, impotente de não saber como dizer isso para ela,usa de imaginação para descrevê-la, fazendo com que Macabéa saia feliz ao encontro de sua estrela.

CONCLUSÃO

No livro, uma das preocupações básicas do autor-narrador é com relação à linguagem literária, ou seja, com a metalinguagem. Isto se perde no filme, que em compensação ganha em outros aspectos como na construção da personagem Macabéa: um ser que sente vergonha o tempo todo, vive pedindo desculpas, abaixa a cabeça e toma aspirina sempre que pode, porque se dói por dentro.
Macabéa, no dizer de Clarice Lispector, se fosse mulher que se exprimisse diria: “o mundo é fora de mim, eu sou fora de mim”. Macabéa, mostra Suzana Amaral nas imagens do filme, quando se olha em um espelho, escolhe o mais su-jo, descascado e partido de todos , como se sua superfície assim pudesse mostrar o seu rosto.
Difícil dizer se o sentimento está na tela ou em nossos olhos de espectadores que para não nos sentirmos como Macabéa, procuramos agir como Olímpico.
Enfim, Macabéa é um ser que se perde na imensidão de sua existência. Estrangeira de sua própria imagem, a única via que se lhe descortina, o único horizonte de sua existência é o desfecho de sua história.
Como vimos, Macabéa é o extremo da sensação de isolamento e de comiseração. Tanto ela quanto Olímpico representam um pouco das pessoas que estão espalhadas por esse mundo afora.
Independente do grau de escolaridade, Macabéa não sabia fazer uso da palavra, aliás não havia nela uma seqüência lógica e estrutural em sua expressão vocabular. Era ignorante em todos os sentidos. Era, para ela mesma, a própria sombra, um apagamento total, sem anseios que a fizessem crescer como ser humano. Não se questionava e muito menos questionava a vida. Não queria se conhecer, talvez porque não tivesse consciência de que existisse.
A vida, para Macabéa, era como era, os dias passando e ela passando pela vida.
Se olharmos para dentro de nós mesmos, encontraremos um pouco de Macabéa. Quantas vezes, enfrentamos momentos de total inércia e de tamanha estagnação. Passamos pela vida como se fôssemos sombra de ninguém. Não sentimos vontade de despertar para a vida, quanto mais de enfrentá-la. Macabéa também representa uma boa parte daqueles que passam sem serem notados pelas pessoas que aí estão nas grandes cidades ou, quem sabe, perto de nós ou em nós mesmos.
Olímpico era tão analfabeto quanto Macabéa, só que ele se transvestia de superioridade, para encobrir a sua ignorância e fragilidade.
Macabéa, ao morrer, encontrou a sua hora da estrela.
A nosso ver, é como se o livro de Clarice Lispector e o filme de Suzana Amaral deixassem a seguinte mensagem: Quem não domina o seu discurso, não consegue sobreviver.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Covardia

É noite...
Nas garras da covardia
Você se perdeu.
Quem é grande
Tire-o daí.
É horrível esse tipo de vida,
Não é você quem vive.
As portas se fecharam,
Os lábios se trancaram,
O sorriso fugiu rapidamente,
E tudo desce pela face pobre,
Onde as lágrimas correm.
A covardia rapta
sentimentos cansados,
Devora a arte de Deus,
Destrói o paraíso eterno.
Covardia:
Amor roubado...
Palavras hipócritas...
Sorrisos irônicos...
O mundo...
Onde está a humanidade?!
Ela se perdeu?
Quero senti-la
Perto de mim.
Fugir dela
É desamor ao mundo
É negação de sua existência
Na terra santa.
Veja o sofrimento daquela
Que morre pela sua vida!
Veja a alegria de morrer
Pela fecundação de seu amor!
Morre, filho desumano!
Você é uma vida perdida!
Um espírito morto...
Um ser que não é ser.
A covardia inefável o domina
Seu coração vive
A revolta dos seres...
Você não terá o perdão do Pai!
Perdoá-lo é injustiça...
Defendê-lo...
É tirar a superioridade
De Deus diante do Diabo.
Você precisa morrer...
A morte será o seu primeiro passo
Para renascer um homem novo,
Que saberá valorizar
Todas as situações críticas,
Que saberá valorizar
Todas as pessoas.
E quando realmente
você renascer,
Haverá em você uma prece,
Uma nova emoção
Por ter enfrentado
A sua covardia,
Por ter conseguido
Ser forte.
Sendo forte,
se tornou um homem
Que terá liberdade...
Livre escolha...
Opções...
Responsabilidade...
Vontade de amar outra vez...
E de se construir!

Hoje

Hoje é um dia feliz!
Hoje é um dia importante!
Hoje é um dia alegre!
Hoje é um dia...
Hoje, simples, sexta-feira,
Perdida em mil e um dias...
Não é domingo!
Não é feriado!
Não é dia santo!
Mas...
Hoje é dia!
Um meu dia...
Um seu dia...
Um dia de vocês!
Vocês que juraram amor um dia...
E que esse amor perdurasse!
E que esse amor continuasse!
E que esse amor fizesse "amores"!
As palavras são poucas!
As palavras são vazias!
As palavras são lacônicas!
As palavras são palavras!
O coração fala mais...
O coração fala de gratidão!
O coração fala de amor!
O coração fala de felicidade!
O coração quer chegar até Deus
Para descobrir a felicidade
Que só vocês têm!
Enfim, hoje, seis de setembro
Que há dez lustros
Tudo começou
E agora tudo se confirma!
E que para sempre
Este "hoje" continue!

Este poema foi feito em homenagem às Bodas de Ouro de meus pais: minha fonte de inspiração e de vida!

sábado, 8 de março de 2008

Sou assim...


Sou assim, assim, assim...
Sou da noite...
Sou de mim...
Sou da família...
E dos amigos...
Sou toda emoção...
Uma metade coração,
A outra também!
Sou mesmo assim...
Simplesmente Luíza!

Florestal, meu cantinho do céu!


Pediram-me para tecer alguns comentários sobre a diferença cultural (e que diferença!) entre Viçosa e Florestal, especialmente porque a nossa escola , a CEDAF, pertence à Universidade Federal de Viçosa e transformou-se recentemente em campus avançado.
Quando aqui cheguei, há quase vinte e três anos, fiquei três meses com as malas praticamente “imexíveis”. Ligava para a casa de meus pais de três a quatro vezes por dia e só sabia chorar... Telefone, na época, era via telefonista. Isto sem contar que, quando chovia, as linhas ficavam “resfriadas” e a gente sem poder se comunicar por uns bons dias...
Choque cultural? Lógico que era! Pois estava acostumada a ir sempre a teatros, participar de saraus, de exposições artísticas, lançamentos de livros, bailes, etc. De repente, eis que me encontrava em uma cidade em que as pessoas falavam rusticamente, sem cumprir as normas gramaticais elementares, amavam somente música “sertaneja”, não estavam habituadas a ler e a vida social e cultural praticamente não existiam.
As pessoas, que haviam se adaptado aqui, diziam que com o tempo eu até gostaria da cidade, defendiam-na, falavam da tranqüilidade e da qualidade de vida, argumentavam que quando queriam ver coisas diferentes, assistir bons filmes, ir ao teatro ou ao shopping, iam para Belo Horizonte, que fica a uma hora de Florestal.
Achava tudo medonho, sinistro. Longe de família, de amigos, ia tentando me adaptar aos trancos e barrancos.
Há histórias e histórias sobre Florestal. Dizem que é a cidade do já teve: já teve cinema, boate, bailes de gala, desfiles, churrascaria, etc., etc., etc...
Não entendo como uma cidade tão próxima de nossa capital ainda continue a ser tão singela e tão precária em relação à cultura. Questiono-me, também, como a Universidade Federal de Viçosa, tão famosa em ser excelência no ensino, na pesquisa, difusora de tanta cultura, não investiu na CEDAF e na própria cidade de Florestal.
Quando quero ver coisas diferentes, reporto-me ao conselho, que as pessoas me deram, quando aqui cheguei, e saio para a capital em busca de novidades.
Costumo brincar com os meus alunos, quando começo a explicar a nossa pobreza literária, na época do Brasil Colônia, que a CEDAF está para a UFV assim como o Brasil estava para Portugal! Ou seja, continuamos ainda sendo muito primitivos em relação à cultura que a UFV oferece e investe somente em Viçosa!
Hoje, a situação continua a mesma. Mas a gente acaba se adaptando à cidade e abastecendo a nossa casa com sky, internet e, às vezes, encontros culturais que a gente tenta fazer para quebrar a monotonia dos fins de semana.
Só que, com tantos anos trabalhando e vivendo aqui, a gente acaba se apaixonando pela cidade e pela simplicidade de seus habitantes.
Não troco este “cantinho do céu” por nenhum outro!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Que é de meus verdes?

Onde estão os meus verdes?
Ah! Que falta seus olhos me fazem!
Olhos sorrateiros
Me olhando timidamente nos olhos...
Me estudando...
Me admirando...
Me analisando...
Me acariciando,,,
Olhos dissimulados,
Fingindo não me querer,
E que de tanto me querer,
Me fizeram querê-lo!
Olhos que delicadamente
Calaram fundo os meus...
Que é de meus verdes?
Onde é que se encontram neste momento?

Sei que ele virá

Mãos se tocando...
Lábios se beijando...
Olhares se contemplando...
Se admirando...
Se acariciando...
Se...
Uma rosa...
Tão fragil...
Tão cálida...
É oferecida pelo dia deles!
Todos têm o seu dia!
E o meu?
Virá?
Sim, eu sei que virá!
Será especialmente
o "meu dia"...
Partirei para o encontro do meu "eu"...
Talvez para o Nada...
Se aqui for o Tudo...
Talvez para o Tudo
Se já me encontrar
no meu Nada...
Vou feliz...
Para o mundo
dos carinhos,
das carícias,
da ternura...
E aonde morar o Amor.

terça-feira, 4 de março de 2008

A gosto de Deus

Para RONALDO JORGE RIBEIRO
In memoriam

Meio nocauteada...
Querendo não acreditar...
Chorosa...
Triste...
Último dia de julho...
Sai de cena...
Silentemente...
Nosso amigo...
Na viagem que um dia todos faremos...
Hora certa para Deus...
Hora incerta para nós...
E chega agosto...
Bem a gosto de Deus...
E lá se vai nosso amigo...
Aperto no coração...
Saudades de nossa convivência...
De sua alegria constante...
De sua vitalidade...
De seu modo peculiar,
De ser bom amigo...
Bom filho...
Bom esposo...
Bom pai...
De simplesmente ser...
O que foi...
O que é...
O que sempre será:
Consolo...
Esperança...
Alegria...
Contentamento...
De saber que tivemos
O prazer de tê-lo
Em nossas vidas...
Agora...
E para sempre...
Voando...
Sobrevoando...
Bem a gosto de Deus...
Rumo ao espaço do Criador!
Adeus, querido amigo!
A Deus, nós o entregamos!
Até lá...
Até quando Deus nos quiser levar...
Em: 01/08/2001

Para você, tio querido!













Há um ano...
Ganhei de presente
Um tio...
Meu tio!
E que tio!
Não é de sangue...
Mas é meu tio!
Um ano de aprendizagem...
De conhecimento...
De convivência constante!
E que convivência!
Feita de diferenças...
Às vezes de semelhanças...
Feita de respeito recíproco,
De solidariedade,
De conquista,
E de admiração...
São tantas as afinidades...
Que não importam as diferenças...
Tudo fruto de conquistas...
E que conquista!
De Montaigne a Sagan...
De passeios pela filosofia...
De artigos de psicologia...
De conselhos fraternais...
Trouxe luz à minha vida...
Clareou meus horizontes...
E minha mente insipiente!
Por tudo que você é,
Por seu brilho interior,
Por seu conhecimento de mundo,
Obrigada, tio!

Poema feito para um dos melhores amigos de meu pai: meu tio postiço, Gilberto Dantas!

domingo, 2 de março de 2008